A reforma tributária é um daqueles assuntos que mexem com quem empreende, administra, conta CNPJs e faz contas todo mês. Desde a aprovação da Emenda Constitucional 132/2023, o setor contábil discute, projeta e reavalia estratégias todos os dias. Nós, na Ottimizza, vivendo essa rotina junto de mais de 2 mil clientes, já percebemos que o impacto será amplo. A mudança não virá apenas no cálculo de impostos, mas trará novas exigências de gestão, obrigações fiscais e até discussões sobre preço, margem e competitividade. Vamos trazer aqui o que muda, e o que precisa ser preparado já para 2026.
Conteúdo do Artigo:
Entendendo a reforma: do texto da lei ao IVA dual
A reforma ganhou forma com a Emenda Constitucional 132/2023, mas seu detalhamento veio, principalmente, com a Lei Complementar 214/2025. O texto revisa tudo que conhecíamos sobre tributação no consumo, que responde por 25% da carga tributária brasileira, conforme análise do Observatório de Política Fiscal da FGV.
Nova estrutura fiscal, novos desafios cotidianos.
A principal novidade? A substituição de cinco impostos (PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS) por apenas dois:
- Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), sob administração federal
- Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), compartilhado por estados e municípios
No modelo conhecido como IVA dual, esses dois tributos serão cobrados com base no valor agregado. O objetivo oficial é simplificar a apuração do imposto, trazer mais transparência na formação dos preços e reduzir o chamado efeito “cascata”.
A referência de alíquota nacional, segundo publicação da FGV, deve ficar próxima de 28% (aplicada “por fora”, isto é, não embutida no preço). É um número alto para quem olha só o percentual, mas a promessa de simplificação deve ser levada em conta no médio prazo.
Impactos práticos para as empresas
O sistema atual muitas vezes cria distorções graves: contribuintes pagam imposto sobre imposto e milhares de horas são gastas apenas para entender o que é devido, onde e quando. Estudos estimam que a reforma pode gerar ganho de PIB de 4,5%, com 2,5% vindo da recomposição de alíquotas entre setores e 2% da maior simplicidade (pesquisa da FGV).
A vida das empresas vai mudar. E muda já a partir de 2026, com o começo do período de transição:
- Os cinco tributos (PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS) passam a ser gradualmente substituídos por CBS e IBS.
- Novos critérios de creditamento, não cumulatividade e regras para exportações/importações entram em vigor.
- Surgem obrigações acessórias dedicadas ao novo modelo.
Nesse meio tempo, a nota fiscal de serviços eletrônica nacional (NFS-e nacional) já cobre mais de 80% da população, sinalizando um cenário de maior padronização para os próximos anos, o que também deve refletir, em breve, em rotinas mais automáticas de envio e conferência, prática para a qual mantemos soluções como o Ottimizza.Busca Extrato e o Ottimizza.Tareffa.
Os riscos para créditos tributários e precificação
Desde o início das discussões, ficou claro que o modelo de créditos tributários seria repensado. No padrão anterior, diferentes interpretações de insumos e deduções alimentavam litígios. Agora, a promessa é: crédito financeiro amplo, sobre tudo aquilo que compõe a cadeia da produção e circulação de bens e serviços.
Nossa leitura, na análise de casos reais e debates, é que ainda há insegurança: se as novas regras não forem claras, riscos de autuações e discussões judiciais podem aparecer, especialmente em setores que lidam com diferenciações de mercadorias e serviços. E isso afeta diretamente o trabalho dos escritórios contábeis, exigindo softwares e controles mais flexíveis, como nossas ferramentas que já monitoram inconsistências nas obrigações.
Outro tema quente é a precificação. Com a extinção de regimes específicos (como o cumulativo), empresas de serviços podem ter aumento de carga tributária e necessidade de revisão em políticas de preço e negociação. Quem vende mercadorias com créditos na cadeia, por outro lado, pode mostrar preços mais competitivos, já que o efeito cascata se dilui.
O novo IVA mudará como enxergamos margem e preço.
Mudanças em outros tributos e obrigações
Além dos tributos sobre o consumo, o Congresso discute alterações como ITCMD e ITBI pelo PLP 108/2024. Essas regras, voltadas a transmissão de bens e heranças, preocupam especialmente planejamentos patrimoniais e reorganizações familiares ou societárias.
Acreditamos que será cada vez mais necessário revisar simulações, atualizar demonstrativos e orçamentos e adotar ferramentas de acompanhamento. Relatórios técnicos, notas do Ministério da Fazenda (estudo internacional sobre desigualdade tributária) e sondagens já vêm trazendo subsídios importantes para a tomada de decisão, especialmente para empresas em crescimento ou com operações em diferentes estados.
PMEs, planejamento tributário e a transição digital
Um dos desafios é para as pequenas e médias empresas, muitas vezes sem estrutura dedicada ao fiscal. Com a transição fiscal, será preciso dar mais atenção à simulação de cenários, treinamentos e atualização de sistemas, inclusive ERPs. Já vemos isso acontecer junto aos nossos clientes, relatórios de acompanhamento, parametrização de plano de contas e controle de obrigações acessórias digitalizadas deixaram de ser um diferencial e viraram necessidade.
O planejamento tributário ganha um novo patamar de complexidade. Precisaremos conhecer profundamente não apenas as novas leis, mas também ajustar processos internos, layout de documentos, e criar política de formação de preço conectada à realidade do pós-reforma. Recursos sobre reajuste de preços e nova tributação para empresas ajudam nesse caminho.
Padrão nacional, modernização e o cliente mais atento
Com a NFS-e nacional e a digitalização das obrigações, percebemos um padrão de modernização que surgiu para ficar. Mais de 80% dos municípios já adotaram a nota fiscal eletrônica (dados FGV), impulsionando rotinas mais rápidas e rastreáveis. É isso que muitos contabilistas, e clientes deles, esperam: menos erro humano, mais foco nos indicadores de desempenho e mais tempo para decisões estratégicas. Caminhos para modernização contábil já estão disponíveis graças à tecnologia.
Empresas que atendem mais de 100 CNPJs, como os clientes que utilizam nossas soluções, têm um desafio a mais: dar escala ao atendimento mantendo qualidade e controle. A troca de obrigações e padrões exige revisão de processos e contratos, especialmente para aquelas que atuam com formação de preço diferenciada, múltiplos centros de custo, e franquias, temas debatidos constantemente na gestão de empresas contábeis.
Preparação: os passos que indicamos para 2026
Já para o ciclo de 2026, não recomendamos esperar pelo “manual definitivo” da Receita. O que faz diferença nesse momento é mapear processos, pesquisar alternativas de sistemas (sempre atentos à integração), preparar equipes, ajustar cláusulas contratuais e se aproximar de fontes confiáveis de informação. Em contextos de transição, flexibilidade e monitoramento constante vão definir quem aproveita melhor as oportunidades (e evita surpresas amargas).
- Capacitar quem opera o fiscal, revisando contas e planos de centro de custo;
- Acompanhar as publicações do Ministério da Fazenda e do Congresso sobre mudanças em regras e alíquotas;
- Simular operações em plataformas atualizadas, e rever precificação de contratos;
- Implementar automações na captação de extratos, notas e envio de obrigações;
- Revisar o planejamento tributário e mensuração de riscos jurídicos e financeiros;
- Aproximar a contabilidade da estratégia: pensar regime tributário, compliance e ESG como parte da matriz de decisão.
Recomendamos também que empresas estejam atentas a conteúdos voltados a empresas em transição tributária, pois adaptabilidade e informação atualizada são aliados preciosos.
Conclusão: adaptando processos, colhendo resultados
Nossa experiência mostra que a reforma tributária não será um evento único, mas sim um processo de transformação. Ele pede revisão interna, atualização de software, acompanhamento técnico diário e disposição radical para enfrentar ambiguidades. Soluções como as da Ottimizza vêm ficando cada vez mais valiosas nesse cenário, antecipando erros e transformando obrigações em processos rápidos, padronizados e auditáveis. Para crescer de forma sustentável na próxima década, empresas de todos os portes precisarão abraçar a mudança.
Se a sua empresa também está repensando burocracia, processos ou tecnologia, convidamos você a conhecer melhor nossos serviços e conversar conosco. Modernize sua contabilidade, prepare-se agora para o novo ciclo de 2026.
Perguntas frequentes sobre a Reforma Tributária
O que muda para empresas em 2026?
Empresas passam a conviver com um modelo dual de tributos, onde cinco impostos nacionais, estaduais e municipais são substituídos por dois: CBS e IBS. Isso gera novas regras de apuração, controle de créditos, formação de preço e cumprimento de obrigações fiscais. O ciclo de transição começa em 2026 para todas as empresas, exigindo ajustes internos e atualização de processos contábeis.
Como calcular os novos tributos?
O cálculo considera alíquotas específicas (estimadas em média de 28%) aplicadas “por fora”, ou seja, destacadas no documento fiscal e não embutidas no preço. O sistema de créditos prevê que, sempre que um insumo, serviço ou mercadoria for adquirido de outro contribuinte, será possível descontar o imposto pago anteriormente, evitando o imposto sobre imposto. O detalhe técnico virá sempre do layout oficial da escrituração, mas a mudança principal é o crédito financeiro mais aberto.
Quem será mais impactado pela reforma?
Empresas de serviços sem grandes cadeias de insumos podem sentir aumento de carga, pois deixam de ter regimes especiais cumulativos. Indústrias e comércios que já tinham aproveitamento de créditos tendem a sentir menos impacto. Pequenas e médias empresas, que nem sempre contam com estrutura contábil robusta, devem se atentar para a escolha correta do regime e atualização dos seus sistemas.
Quais impostos serão unificados?
PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS deixam de existir e dão lugar à CBS (federal) e ao IBS (estadual/municipal). Essa unificação visa reduzir complexidade e criar regra única de apuração, trazendo referência internacional do IVA, presente em países com sistemas tributários mais previsíveis.
Como as pequenas empresas serão afetadas?
Embora o Simples Nacional seja mantido, pequenas empresas precisarão de mais atenção ao planejamento e controles. Pode haver mudanças nos benefícios fiscais, necessidade de modernizar notas e sistemas e reavaliar contratos. A transição exige acompanhamento próximo, treinamento, integração de sistemas e orientação atualizada.